Escrito por 17:20 Memória olfativa

Revivendo memórias: Como aromas afetivos estão restaurando o olfato pós-Covid

Você já ouviu falar em pesquisa de treinamento olfativo? Esse foi o procedimento realizado durante três meses com 62 pacientes pós-Covid que não sentiam cheiro ou apresentavam distorção olfativa por cerca de 13 meses.

Sabemos que o olfato está extremamente ligado às memórias. Afinal, basta sentir certos aromas para nos lembrarmos de lugares, pessoas ou momentos especiais. Com isso em mente, a mestranda Vanessa Castello Branco Pereira, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental — Sensação, Percepção e Cognição — do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e sob a orientação da professora Mirella Gualtieri, conduziu esta pesquisa. O objetivo foi descobrir se a presença de memórias afetivas por meio de aromas significativos para os pacientes poderia auxiliar na reabilitação do olfato.

Um estudo mais do que interessante, não é mesmo? Continue lendo o conteúdo a seguir para saber mais sobre o assunto.

Entenda como a COVID-19 afetou o olfato e deixou sequelas em alguns pacientes;

O projeto com aromas afetivos que ajudou na reabilitação do olfato de pacientes pós-Covid;

Como o treinamento olfativo surgiu;

A forte ligação dos cheiros e das memórias.

Entenda como a COVID-19 afetou o olfato e deixou sequelas em alguns pacientes

Conforme mencionado por um participante do treinamento olfativo, após sua recuperação da Covid-19, o paciente perdeu parcialmente o olfato e também sofreu outras sequelas. Ele começou a perceber que os alimentos cheiravam a “coisa podre”, entre outras distorções olfativas. Essa condição impactou negativamente sua saúde, levando-o a perder 10 quilos, pois passou a se alimentar apenas por necessidade. Sua esposa, buscando ajudá-lo, pesquisou sobre o assunto na internet e encontrou relatos de outras pessoas na mesma situação.

Após consultar vários médicos, realizar tratamentos com fragrâncias genéricas, como eucalipto e lavanda, e não obter resultados mesmo após tomar diversos tipos de antialérgicos, o paciente procurou a USP e foi aceito no projeto de pesquisa.

O projeto com aromas afetivos que ajudou na reabilitação do olfato de pacientes pós-Covid

Para iniciar o treinamento olfativo, a mestranda realizou uma pesquisa com 62 pacientes. Ela levou em consideração o gosto pessoal de cada um e investigou a presença ou ausência de memórias afetivas associadas a esses cheiros. A partir dessas entrevistas, 44 fragrâncias foram selecionadas para a pesquisa, incluindo aromas como laranja, que remetia um dos participantes às lembranças do pai, e pão fresco, associado às manhãs de domingo, entre outros.

Os participantes foram então divididos em dois grupos:

  1. Um grupo de 33 pessoas participou de um treinamento olfativo por 90 dias, utilizando 4 kits que continham 4 aromas diferentes, selecionados entre os 44 escolhidos – Eles foram instruídos a cheirar as fragrâncias 3 vezes ao dia: manhã, tarde e noite.
  1. O segundo grupo, composto por 29 pessoas, utilizou apenas quatro aromas específicos: rosa, cravo, limão e eucalipto.

Os primeiros resultados do primeiro grupo começaram a aparecer, em média, após 30 dias, e, em três meses, os participantes recuperaram 70% da capacidade olfativa.

Entre os feedbacks recebidos, um participante relatou: “Fui reaprendendo tudo de novo. Foi maravilhoso, emocionante, porque cada cheiro daqueles relembra de amigos que você não vê desde moleque, alegria, um pouco de saudade. É uma mistura de sentimentos. Através dessa memória, consegui ter sucesso na recuperação de boa parte do olfato”

A pesquisa, emocionante e gratificante, revela de maneira espetacular a ligação extraordinária dos cheiros com nossas memórias afetivas, algumas das quais sequer sabíamos que estavam arquivadas em nossa mente. Mas afinal, como essa pesquisa surgiu?

Como o treinamento olfativo surgiu

Vanessa, a mestranda à frente da pesquisa, inspirou-se para o estudo após encontrar uma paciente de 92 anos que apresentava perda olfativa sem diagnóstico definido. A idosa lamentava não poder mais apreciar geleia de frutas, o que a frustrava profundamente, pois o aroma da geleia evocava lembranças de sua mãe e, sem esse cheiro, “a memória da mãe deixava de ser vívida”.

A partir dessa experiência, Vanessa formulou a hipótese de que o tratamento olfativo poderia ser mais eficaz se as fragrâncias escolhidas evocassem memórias afetivas nos pacientes. Assim, propôs uma abordagem de reabilitação olfativa personalizada, fundamentada nas histórias e experiências de vida de cada pessoa.

Quer descobrir mais sobre esta pesquisa fascinante e outras histórias que fazem parte do estudo? Clique aqui para ler a reportagem completa sobre o tema.

A forte ligação dos cheiros e das memórias

Esta fascinante pesquisa, além de impressionar, também nos leva a refletir profundamente sobre o nosso segmento: o marketing olfativo. Ela evidencia a forte conexão entre os cheiros, nossas memórias e sentimentos, reforçando a estratégia impactante de utilizar fragrâncias para estabelecer uma conexão emocional mais profunda entre marcas e consumidores.

Se você busca inovar em seu negócio e construir laços duradouros com seu público, considerar o marketing olfativo pode representar um diferencial significativo. Convidamos você a entrar em contato com nossos especialistas para explorar como essa abordagem pode beneficiar sua marca de maneira única e impactante.

Afinal, QUEM SENTE, LEMBRA.

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Tags:, Last modified: 9 de abril de 2024
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